Antônio Augusto Bernucci, conhecido como Toninho, tinha o melhor dom de todos: o de conseguir enxergar o lado bom de tudo. O otimismo é muito mais valioso que qualquer habilidade física natural e fez de Toninho uma grande referência no desenvolvimento do mountain bike em Minas Gerais e no Brasil. Sua família e a comunidade do esporte devem muita gratidão a ele, que transformou a vida de muitos através da bicicleta e é, definitivamente, uma Lenda da CIMTB Michelin.

Uma das pessoas mais influenciadas na trajetória de vida de Toninho foi seu filho, Antonio Bernucci, o Gugu, que via o pai como um exemplo. “A paixão do meu pai pelo MTB influenciou a mim e a toda a nossa família. Eu sempre fui completamente apaixonado por ele e por isso sempre quis ser como ele. Ele foi um verdadeiro amante do mountain bike por vários e vários anos e fez de tudo pelo desenvolvimento do esporte. Além disso, ele contribuiu sendo o “pai temporário” de muitas crianças e adolescentes durante muitos finais de semana das trilhas ao redor de Belo Horizonte”, recorda Gugu.

O encontro de Toninho com a bicicleta aconteceu, à primeira vista por acaso, após um acidente de moto, mas quem o conheceu pedalando ou falando sobre mountain bike percebia rapidamente que o encontro foi, na verdade, muito providencial.

“A história do meu pai no ciclismo teve início na quarta-feira de cinzas de 1987. Ele sempre gostou muito de motos e, nesse dia, um veículo dando ré não viu que ele estava passando de moto atrás do carro”, conta Gugu.

O tratamento pós-traumático durou dois anos, sendo três meses acamado em casa e um ano se locomovendo com a ajuda de muletas. Os médicos recomendaram exercícios de baixo impacto na fase de reabilitação, depois da retirada das muletas. Para fortalecer os músculos e recuperar os movimentos, Toninho começou a pedalar.

“Pouco a pouco o mountain bike tomou um espaço muito grande nas nossas vidas. Em pouco tempo as competições e viagens se tornaram frequentes e o esporte que começou com meu pai, virou o esporte da nossa família”, relembra Gugu. Uma destino frequente no calendário da família era Pedra do Sino, na Fazenda Sossego, onde nasceu o embrião da CIMTB Michelin, em 1996. “Tenho recordações muito gostosas das competições no Pedra do Sino, onde sempre adoramos competir”.

A cena do mountain bike em Minas Gerais nesta época passava por um período de desaquecimento, o que incomodava Toninho. “Alguma coisa tinha que ser feita”, de acordo com Gugu. Nesse momento, Toninho se movimentou muito junto dos organizadores e atletas da época para aumentar a popularidade do esporte. Com o surgimento da Copa Ametur, em 1999, a situação melhorou e as largadas começaram a ficar mais cheias, em parte por causa da influência de Toninho.

“Acredito que meu pai foi um grande incentivador, assim como o Rogério [ Bernardes, organizador da CIMTB Michelin ] é um dos, se não o maior responsável pela mudança do nível das competições em Minas e no Brasil”, avalia Gugu.

Para Rogério Bernardes, “o Toninho sempre me serviu de inspiração, pois ele sempre irradiava alegria, respeito, otimismo e educação em todos os momentos. Tive o prazer de conviver, aprender e trabalhar ao seu lado por um longo período e pude ver como ele marcou a vida de muitos em sua passagem por aqui. Com certeza o Toninho é uma lenda do mountain bike pois fez muito pelo seu desenvolvimento”.

Em 2009, Toninho sofreu um segundo acidente automobilístico, que o deixou com algumas limitações físicas e cognitivas. Mas, ele continuou enxergando o lado positivo da vida e seguiu forte até maio deste ano, quando faleceu em paz, em decorrência de complicações causadas pelo coronavírus.

“Ele foi a pessoa mais otimista que eu já conheci. Mesmo nos momentos mais difíceis, ele via algum ponto positivo. A vida nem sempre o tratou como ele merecia, mas mesmo assim ele foi forte e seguiu nos inspirando. Ele não cultivou inimizades e foi amado verdadeiramente por muitas pessoas. O meu mundo ficou mais triste com a partida dele, mas tenho certeza que ele está muito bem onde quer que ele esteja”, conclui Gugu.

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CIMTB Michelin 2021
A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI) desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos Ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Em 2022, a CIMTB Michelin aumentará ainda mais sua relevância internacional com a realização da etapa de abertura da Copa do Mundo de Mountain Bike 2022, em Petrópolis. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1992.

Michelin
Michelin, líder do segmento de pneus, se dedica ao desenvolvimento da mobilidade de seus clientes, de forma sustentável, criando e distribuindo os pneus, serviços e soluções mais adequados às suas necessidades; fornecendo serviços digitais, mapas e guias, para ajudá-los tornar suas viagens experiências únicas; e desenvolvendo materiais de alta tecnologia, que atendem à indústria da mobilidade. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 170 países, emprega 114.100 pessoas em todo o mundo e dispõe de 70 centros de produção implantados em 17 países diferentes que fabricaram 190 milhões de pneus em 2017.

Sense Bike
Parte da Lagoa Participações, a Sense Bike foi criada em 2009, com o sonho de construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta. Em 2014, foi inaugurada a fábrica em Manaus, que possibilitou o início da produção de quadros, bem como a montagem de bicicletas elétricas e convencionais (mountain bike, urbana e road), com o que existe de mais inovador em tecnologia. Em abril de 2018, a Sense Bike comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto (Portugal).

Por Pedro Parisi, de Belo Horizonte

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